Raça Serra da Estrela

Na Estrela desenvolveu-se uma raça de ovinos perfeitamente definida – BORDALEIRA SERRA DA ESTRELA – destacando-se das suas características, consagradas no Livro Genealógico, as variedades preta e branca, os olhos grandes e expressivos e os cornos em ambos os sexos, enrolados em espiral.É a raça nacional de melhor aptidão leiteira, atingindo-se produções superiores a 500 litros de leite por lactação (220 dias/média). É também muito prolífera e fértil, com um período de actividade sexual que se alarga por todo o ano, sendo contudo a cobrição natural durante a Primavera.

Nascido num complexo socio-económico de características específicas e muito particulares, como é a Serra da Estrela, o Queijo Serra da Estrela é o resultado de muitos esforços de geração e constitui o produto nobre da pastorícia da região.
Do mais notável dos nossos queijos existem referências que remontam à ocupação romana. Columela, oficial do exército romano, descreve o seu fabrico naquele que é considerado o primeiro Tratado de Agricultura.
Em 1287, D. Dinis criou o primeiro mercado de queijo de Celorico da Beira.
Na Idade Média, Gil Vicente refere-se desta forma ao presente da Vila de Seia à Rainha D. Catarina, esposa de D. João III:
“Mandaraa a vila de Sea quinhentos queyjos recentes todos feytos aa candea”
Trata-se de um queijo produzido, na área geográfica da Beira Interior, nos concelhos de Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia, Manteigas, Seia, Oliveira do Hospital e algumas freguesias dos concelho da Covilhã, Guarda e Trancoso, a partir do leite cru das ovelhas da raça Bordaleira Serra da Estrela.
As ovelhas alimentam-se da rica e variada vegetação natural existente nesta região, produzindo um leite de excepcional qualidade a partir do qual a sabedoria das gentes serranas soube criar um queijo inigualável, de paladar suave e requintado.

Como se caracteriza o queijo Serra da Estrela?

O Queijo Serra da Estrela produz-se a partir de leite cru estreme de ovelha da raça Bordaleira Serra da Estrela e o seu fabrico é artesanal. A ordenha é manual e ao leite, depois de aquecido em banho-maria a uma temperatura próxima dos 28ºC, é adicionada uma infusão de cardo (Cynara cardunculus, L.). o processo de coagulação demora cerca de 60 minutos e a coalha sofre um esgotamento lento, sendo colocada num cincho, apertada com as mãos e mantida sob pressão até ao esgotamento total do soro. A sua maturação é feita em ambiente a rondar os 90% de humidade relativa e com temperatura oscilando entre 6ºC e 12ºC. Durante este processo de maturação o queijo é lavado e virado com frequência, de modo a que a sua crosta se mantenha lisa e limpa. Após um período de cerca de 40 dias, o queijo está pronto a ser consumido.

De pasta semimole, amanteigada, de cor branca ou ligeiramente amarelada, com poucos ou nenhuns olhos, é um queijo curado, com forma de cilindro baixo, regular, com abaulamento lateral e um pouco na face superior, sem que os bordos estejam bem definidos. Os diâmetro varia entre 15 cm e 20 cm, a altura em 4 cm e 6 cm e o seu peso oscila entre 1 Kg e 1,7 Kg.
No que se refere ao aroma e sabor possui um “bouquet” suave, limpo e ligeiramente acidulado.

Requeijão Serra da Estrela

Muito conhecido e saboroso, o requeijão é obtido a partir do soro que escoa da francela durante a laboração do queijo. Este soro é aquecido até à ebulição deixando-se depois arrefecer à temperatura ambiente. Obtém-se um preparado líquido com pequenos flocos brancos dispersos que era tradicionalmente distribuído por pequenos cestos de verga fina de castanheiro, hoje substituídos por material higienizável, donde escorre o líquido denominado “sorelho” ou “rescaldão”, uma vez escorrido, a massa branca e espessa que resta constitui o requeijão.
Ao seu sabor fresco juntam-se propriedades terapêuticas derivadas do seu alto valor nutritivo, sendo símbolo, por excelência, de uma alimentação saudável.
Poderá, ainda, experimentar o seu excelente sabor acompanhado de mel ou doce de abóbora.

Padrão da Raça Bordaleira

  • Aspecto geral – estatura mediana, esqueleto bem desenvolvido, regularmente musculado, de cor branca ou preta, com aptidão predominantemente leiteira.
  • Peso vivo adulto – fêmeas 50 a 55 kg, machos 80 a 100 kg.
  • Pele, velo e lã – pele fina, elástica e untuosa, branca e com reduzida pigmentação nas extremidades, ou preta. Velo branco ou preto, pouco extenso não abrangendo a cabeça, a barriga e os membros; pouco tochado de madeixa cilíndrica ou pontiaguda; pelos cábrios mais abundantes na parte dorsal (posterior) do animal. Lã de tipo cruzada fina, pouco ondulado, toque suave ou ligeiramente áspero.
  • Cabeça – mediana de forma piramidal, deslanada, fronte estreita e plana, arcadas orbitárias salientes, olhos grandes, face comprida e estreita de forma triangular, chanfro convexo e liso, boca rasgada de lábios grossos; cornos em ambos os sexos, de comprimento variável, de forma espiralada, rugosos, fortes na base, finos e mais claros na ponta.
  • Pescoço – comprido, delgado, de forma tronco cónica, sem barbela, garrote largo e pouco destacado, espáduas oblíquas compridas e estreitas, costado bem arqueado.
  • Tronco – dorso e lombo compridos e largos, garupa comprida e de regular largura; ventre volumoso.
  • Úbere – de forma globosa desenvolvido com sulco mediano evidente; tetos grandes e bem implantados.
  • Membros – finos e compridos, bem aprumados, deslanados abaixo do joelho e curvilhão; unhas pequenas e rijas